terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A bóia



  Essa é uma história japonesa supostamente verdadeira.
Acreditar ou não depende exclusivamente de você.




  Três anos atrás, eu fui acampar no litoral com meus parentes. O camping era no topo de um morro, e havia um conjunto de escadas que descia até uma linda praia. Estávamos no meio do verão, então haviam muitas outras pessoas lá.
  Era por volta de meio dia e eu e meu irmão estávamos na praia. Ele decidiu ir nadar no oceano enquanto eu enchia um bote de borracha que meu pai trouxe para mim. Havia uma bóia flutuando no oceano. Meu irmão saltou das rochas sob o morro e nadou até ela.
  Algum tempo depois, eu ouvi meu irmão gritando alguma coisa. Olhei para cima e vi que ele estava na bóia. Eu comecei a remar em direção a ele no bote de borracha e, quando cheguei perto, pude ver que ele estava agarrado firmemente à bóia. Estava tremendo e com o rosto pálido. Eu me aproximei, tentando mater o barco estável.
  "O que há de errado?" Eu perguntei. "Você está com cãibra na perna ou algo assim?"
  "Puxou! Meu braço! Garota! Socorro!" Ele chorou.
  "O que aconteceu?" Eu perguntei, alarmado. "Alguém fez alguma coisa com você?"
  "Corte! Criança! Afogar! Cabelo!" Ele gritou.
  Eu não tinha idéia do que ele estava falando. Puxei-o para o bote de borracha e percebi que seu ombro estava sangrando. Remei de volta para a praia, escutando meu irmão balbuciar incoerentemente sobre uma coisa ou outra.
  Na praia, eu coloquei meu braço em torno dele e o ajudei a subir as escadas até o topo do morro. Nós voltamos para a barraca e meus pais deram uma olhada no ferimento. Havia um pequeno buraco na carne de seu ombro, por volta de 2 centímetros de largura. Era como se alguma coisa tivesse atravessado seu braço.
  Quando meus pais fizeram um curativo na sua ferida e ele se acalmou, meu irmão nos contou o que viu.
  Ele disse que estava flutuando na água, perto da bóia, sonhando acordado, quando viu uma criança flutuando perto dele. Era uma garotinha com longos cabelos pretos. No começo ele não prestou muita atenção nela, mas depois começou a se perguntar o que ela estaria fazendo ali sozinha.
  Ela olhou direto nos olhos dele e ele teve uma sensação horrivelmente desagradável sobre ela. Disse que sentiu que havia alguma coisa maligna nela. Então, ela começou a sibilar "Morra! Morra! Morra! Morra!" e, de repente, colocou os braços ao redor do pescoço dele e começou a tentar puxá-lo para baixo da água. Ela estava tentando afogá-lo.
  Meu irmão debateu-se para sair de perto dela, mas ficou enrolado nos seus longos cabelos negros, e sentiu-se afundando. Ele pensou que ia se afogar, mas conseguiu agarrar a bóia. Não podia nadar de volta para a praia, então ele gritou por ajuda e abraçou a bóia desesperadamente, tentando manter sua cabeça fora da água.
  Ele tentou empurrar a garota com o outro braço, mas seus dedos pareciam derreter no rosto da criança. O cabelo molhado dela enrolou-se no pescoço dele e começou a asfixiá-lo. Ele sentiu que estava perdendo a consciência e fechou os olhos, rezando para que alguma coisa o salvasse.
  "Se você não tivesse chego naquela hora," ele disse, "eu não estaria vivo agora."
  Meus pais e eu não sabíamos o que fazer sobre a história dele. Eles achavam que ele devia ter dormido quando estava nadando e sonhou com tudo isso. Eu achei que ele estava delirante por causa do sol e teve uma alucinação. Nenhum de nós acreditou nele.
  Duas semanas depois, a ferida no braço do meu irmão ainda não estava curada. Pelo contrário, ela ficou extremamente inchada e parecia infeccionada.
  Meus pais o levaram ao hospital e tiraram um raio-x. O médico disse que havia algum material estranho na ferida que estava causando a infecção. Eles decidiram operá-lo.
  Depois da cirurgia, o médico veio falar com meus pais.
  "Nós removemos todo o material estranho," ele disse. "Agora o ferimento vai se curar."
  "Obrigado, doutor", disse meu pai.
  "Poderiam me dizer como seu filho conseguiu esse machucado?" Perguntou o médico.
  "Nós não sabemos," respondeu minha mãe. "Ele estava nadando no mar..."
  O médico parecia extremamente sério.
  "Há alguma coisa errada?" Perguntou meu pai.
  O doutor pediu que o seguíssemos e nos levou a outra sala. Em uma mesa, havia algo enrolado em um pano branco.
  "Esses eram os objetos estranhos que estavam no ferimento de seu filho..." ele disse.
  Quando nós vimos o que era, ficamos horrorizados. Era um maço de cabelos pretos e pequenos dentes humanos.
  Posteriormente, meu irmão se recuperou da operação, mas nunca mais voltou a nadar no mar. Eu continuo sem conseguir acreditar no que ele disse naquele dia, mas a lembrança da massa de cabelos negros, molhados de sangue, e aqueles minúsculos dentes de criança ainda me dão calafrios na espinha.

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